sábado, 2 de abril de 2011

Um Brinde _ Carol Miskalo



“Durante os três minutos de exibição do vídeo clipe [Um Brinde], 14 pessoas morrem, no mundo, vítimas do álcool, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicados em 2010.”

É assim que começa o texto do material distribuído durante a campanha idealizada por Renan Inquérito, vocalista do grupo de Rap paulista Inquérito. O grupo que está na caminhada há vários anos chega ao seu terceiro álbum, intitulado Mudança, com uma proposta que “reflete o momento que o Inquérito vive, envolvendo desde o conteúdo sonoro até a mudança na formação do grupo com a saída da cantora Nicole em 2009” segundo matéria divulgada no portal Rap Nacional.




Dentre as faixas do álbum destaca-se Um Brinde, que nomeia o projeto que percorre o Brasil desde fevereiro deste ano. O projeto tem como objetivo debater o impacto do álcool na sociedade com a população em geral. A discussão vai desde o cultivo de cana e a desigualdade social


O etanol move ‘os carro’, né? Mas só que o ‘Seu Zé’ / Que foi quem cortou a cana ainda anda a pé / A lida no Sol é quente, amarga tipo aguardente / Mas faz açúcar que adoça o café de muita gente


Passa pelos acidentes causados pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas



... E no balcão do boteco ele ouve o comentário: / - Morreu um tiozinho na rua de baixo atropelado / Pai de ‘famía’, nem bebia, tava parado / Só que o cara do Audi tava a ‘milhão e chapado’ "


E chega ao faturamento da indústria do álcool e todos os problemas causados pelo consumo do produto


Vamos brindar, comemorar os milhões faturados pela indústria / do álcool, os lares destruídos, as brigas, as mortes, os acidentes / de trânsito e de todas suas vítimas, um brinde ao trabalho infantil / na colheita da cana, as queimadas, a cirrose e a todo dinheiro / público gasto por causa do álcool, é vamos brindar!







Segundo Renan Inquérito a idéia da música surgiu como a representação de vários ‘Seu Zé’ que estão espalhados pelo mundo. Pessoas que acabam bebendo para se livrar de problemas, para fingir que não se sentem só, para se fazerem fortes quando não conseguem assumir suas fraquezas.
Nesta perspectiva a questão do álcool não é apenas discutida como um problema individual, mas sim um problema social. Já que tanto a produção quanto o consumo trazem consigo questões que não podem deixar de ser debatidas. Segundo Dr. José Elias Aiex, médico psiquiatra em Foz do Iguaçu, os trabalhadores do corte de cana, hoje, estão fazendo uso do craque para que seu trabalho possa render ainda mais.
Outro dado importante trazido para o debate realizado no dia 19 de março, foi quanto o Governo Federal gasta por minuto com tratamento e recuperação de dependentes do álcool.




Mandrake, diretor do portal Rap Nacional define a canção como “Uma letra digna de combate ao alcoolismo, que não cria casos e nem inventa nada para mostrar os verdadeiros problemas causados pelo problema”. E nessa mesma intenção é que trouxemos, em parceria com algumas entidades, o debate para Foz do Iguaçu.
O evento contou com a participação de alguns grupos de rap da cidade e alguns militantes de outros movimentos sociais que chegaram para somar na discussão. Possibilitar o acesso dos jovens para debates com essa estrutura possibilita a desconstruir imagens que são impostas pela mídia. Pois as cenas que vemos nas propagandas escondem os verdadeiros males causados pela ingestão excessiva do álcool.


É importante reforçar a necessidade de trabalhar com esse público, promovendo ações de sensibilização e mobilização e, dessa forma, estimulando a reflexão dos próprios jovens como protagonistas de sua própria história.
A atividade contou com o apoio do CDHMP (Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu), Sindicato dos Jornalistas, APP Sindicato, SITRO-FI (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários), Gebing Transportes Ltda, Construtora Taquaruçu.


* Carol Miskalo é mais uma dessas pessoas que acreditam na mudança!

Disponível em: Megafone - Rede de Cidadania e Comunicação Grupo Inquérito

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