quinta-feira, 24 de junho de 2010

Os Generais e o Futebol



Em pleno carnaval da vitória de 70, o general Médici, ditador do Brasil, presenteou com dinheiro os jogadores, posou para os fotógrafos com o troféu nas mãos e até cabeceou uma bola na frente das câmaras. A marcha composta para a seleção, Pra frente Brasil, transformou-se na música oficial do governo, enquanto a imagem de Pelé voando sobre a grama ilustrava, na televisão, anúncios que proclamavam: Ninguém segura o Brasil. Quando a Argentina ganhou o Mundial de 78, o general Videla utilizou, com idênticos propósitos, a imagem de Kempes irresistível como um furacão.

Futebol é a pátria, o poder é o futebol: Eu sou a pátria, diziam essas ditaduras militares.

Enquanto isso, o general Pinochet, manda-chuva do Chile, fez-se presidente do Colo-Colo, time mais popular do país, e o general García Mesa, que havia se apoderado da Bolívia, fez-se presidente do Wilstermann, um time com torcida numerosa e fervorosa.

O futebol é o povo, o poder é o futebol: Eu sou o povo, diziam essas ditaduras militares.

Futebol ao Sol e à Sombra – Eduardo Galeano. Tradução de Eric Nepomuceno e Maria do Carmo Brito. L&PM Editores – 2ª edição, 2002


Um comentário:

  1. O Carol, que super legal está seu blog!
    É bom conhecer coisas novas assim... Bom, eu não sou muito ligada a ditadura e tals, sou quase que totalmente alienada, apesar de estar disposta a mudar o mundo... Mas, é bom saber dessas coisas que você coloca aqui pra nós, pra mim (pra não colocar palavras na boca de outros) ficar sabendo um pouco mais do que não está no meu cotidiano... :D

    entende? :**

    Ah, é a Bruna, depois te explico o motivo de assinar com X.

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