Will, a vó dizia que se a mulher tivesse noção da importância das putas, beijaria
seus pés em sinal de gratidão, daria presente, alimento, remédio e cuidados
quando caíssem doentes. Que uma semana de festas seria pouco para
homenageá-las em agradecimentos.
_ Não tive o alcance, guria. Quer dizer que as putas são santas?
Que devemos dar a elas a mesma caridade pregada pela religião
aos pobres?
_ Na época tampouco compreendi. Penso que se existe caridade, é a puta caridosa,
não o contrário. O que a vó dizia é que sem as prostitutas o mundo seria caos absoluto.
Elas, entre as pernas, minimizam dores, violências sexuais, perturbações sociais.
Coisas desse tipo, Will.
_ Então as putas são necessárias para a dona de casa dormir em paz?
E essas dores que elas aplacam, são as perversões não confessáveis devido a essa
educação religiosamente hipócrita ministrada desde o leite materno? Quer dizer que a
possível e verdadeira história da sexualidade humana é contada pelas putas?
_ Essas coisas que a vó tentou me explicar. A mulher tem o dever de cuidar da
mulher "da vida". Todas as mulheres são prostitutas, ela dizia também,
a diferença será apenas o produto vendido. Somos todas desnaturadas da nossa
condição feminina. Ainda vendemos nosso tempo servindo marido, filhos,
sociedade, padrões. Cada uma vende o que o estômago aguenta.
- Sua vó era de um tempo que ainda não é, Anna.
Postado por Alessandra Safra
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirok, o objetivo é divulgar literatura e novas ideias.
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abraços