terça-feira, 9 de novembro de 2010

Solidariedade da Rede contra a Violência com Deley de Acari

Vanderlei da Cunha , morador da Favela de Acari, conhecido poeta e ativista social e cultural, e defensor dos direitos humanos, anunciou no dia 22/10 seu desligamento unilateral do *Programa Nacional de Defesa dos Defensores de Direitos Humanos*, no qual havia sido incluído após seguidas ameaças que recebeu de policiais militares, devido às suas denúncias de violações e arbitrariedades cometidas por agentes do Estado na comunidade.

Tal como Josilmar Macário dos Santos , incluído na mesma época no Programa, após ter sofrido atentado (após várias ameaças de policiais militares, por sua luta por justiça no caso de seu irmão, Rede contra a Violência formularam uma série de reivindicações aos órgãos responsáveis pelo Programa, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (federal) e a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (estadual), sempre no sentido de por à disposição dos defensores ameaçados recursos que eles pudessem gerir autonomamente no sentido de sua auto-proteção.

Praticamente todas as reivindicações feitas foram rechaçadas pelos citados órgãos, que limitam as ofertas de apoio a atendimento psicológico e escolta policial, a ser realizada por policiais militares ou civis do Rio de Janeiro! Considerando uma afronta uma proposta como essa, para militantes ameaçados precisamente por policiais do estado, os defensores não aceitaram, e continuaram cobrando um suporte real. A Rede denunciou o descaso, numa nota pública em julho, que causou irritação na SEDH, mas a obrigou a se reunir com os defensores ameaçados. Embora tenham sido feitas promessas de medidas concretas na ocasião, na prática nada se alterou desde então. Na verdade, a situação dos ameaçados até se agravou. Macário, por exemplo, que é taxista, não pode trabalhar nas rotas e horários que estava habituado, e tem que tomar todo cuidado para não se aproximar de "pontos" dominados por máfias de taxistas aliados a policiais.


*Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência*

Segue a carta onde Vanderlei anuncia seu desligamento:

*"Com a "descoberta" dum falso coronel na Secretaria de Segurança, eu, como
defensor de direito humanos, tenho todo direito de colocar, pelo menos, na
minha comunidade, toda essa secretarias sob suspeita e, não só ela, também a
de ação social e e de direitos humanos. Saber que esse falso coronel tinha
acesso a informações sigilosas é motivo pra deixar todas as vitimas de
violência que entraram na justiça pra por pra frente seus casos e nós
defensores de direitos humanos, cheios de neurose, senão em pânico. ´Há
informações que ele atuou no serviço de inteligência e tinha informações
privilegiadas, como os inquéritos da corregedoria e os processos e casos de
proteção a testemunhas e defensores de direitos humanos.*
*Ponho a secretaria de direitos humanos sob suspeita porque em muitos casos
ela atua em parceria com a de segurança pública e partilham informações
sigilosas em comum.*
* *
*A quem esse falso coronel passava as informações?*
* *
*No dia 09 de julho foi formalizado minha entrada no programa nacional de
defensores de direitos humanos, numa reunião na secretaria de direitos
humanos, numa encontro fechado com pessoal de brasilia. Uma semana depois,
encontrei no mercadão de madureira, faznedo compras,um pm que já foi lotado
no 9º BPM e hoje é adjunto da DECOD, e ele já sabia que era um dos
"protegidos" do taso genro.*
* *
*Na secretaria de direitos humanos tem mais policia que civis e gente
oficial de direitos humannos.*
* *
*Diante disso tudo, tenho o direito de por as duas secretarias sob suspeita
e não só isso, solicitar imediatamente minha exclusão do programa nacional
de direitos humanos, e recusar qualquer tentativa por mais boa intenção, das
ongs de direitos humanos e da comissão de direitos humanos de me convencer a
se incluido me qualquer programa de direitos humanos das quais façam
parceria com os governos federal e estadual. Sinceramente me sinto mais
seguro fora deles, do que dentro, principalmente depois do caso desse falso
coronel.*
* *
*Durante os últimos três meses a militância de direitos humanos,
principalmente a de esquerda, se empenhou e se dedicou quase que
inteiramente a campanha de reeleição do deputado marcelo freixo. Não só pra
que ele, reeleito. continuasse a fazer o excelente trabalho que fez no
primeiro mandato, mas também para reeleito, ele continuar tendo direito a
proteção privilegiada do estado enquanto parlamentar. Enquanto as atenções e
a preocupação com marcelo, estava em 1º, 2º e 3º planos, os defensores de
direitos humanos, principalmente que atuam e favela, nos sentíamos
totalmente vulneráveis e abandonados pelo movimento de direitos humanos e se
em algum plano, somente nos planos dos policiais que nos querem ver mortos.
Tanto isso é verdade que, dois dias depois de eu ter sido incluído
formalmente no programa nacional de direitos humanos, três pms do 9º BPM,
que me "conheceram" no julgamento do caso lindomar e rafael há, uns dois
anos, de cima de uma laje, engatilharam seus fuzis as minhas costas, e só
não atiram porque eu estava com cinco crianças de uma escolinha de futebol,
e eles teriam que executa-las também. Relatei o fato em listas abertas e
fechadas, mas as ongs e movimentos de direitos humanos deram pouca ou
nenhuma atenção ao caso.*
* *
*Depois disso cheguei a conclusão que até mesmo em questão de defesa de
diretos humanos há o critério seletivo de quem deve se mais ou menos
defendido, de acordo com classe social, raça, local de moradia e que esse
critério leva em conta que é defensor de direitos humanos do asfalto e quem
é defensor de direitos humanos da favela, nessa ordem de importância.*
* *
*E que a partir dessa conclusão o que resta pra nós, defensores de direitos
humanos, traçar nossos próprios planos de autodefesa, difícil de ter êxito,
já o trafico proíbe em nossas favelas morador andar armado. e não temos um
mínimo de grana pra conseguir meter o pé da favela caso nos sintamos
ameaçados. neste momento, tenho 3 reais de credito no celular e cinco reais
pra ir ao encontro de poesia e favela uerj, de onde vou ter que voltar,
antes das 10 da noite, hora que é o maior risco, de franco atirador pegar um
de nós na pista.*
* *
*Com esse suporte de proteção todo, fica difícil se auto-proteger e muito
menos dar proteção ou fazer alguém que nos procure, acreditar em proteção,
governamental ou união governamental, por melhor que seja as intenções da
companheirada do mdh para com a gente.*
* *
*deley"*

Material retirado do sitio: http://prod.midiaindependente.org/pt/red/2010/10/479525.shtml

Um comentário:

  1. bom mesmo é só em filme
    porq na reaalidade
    nada acontece e todos aqueles que tentarem mudar
    e atingir os dominantes acontecerá a mesma coisa
    "isso tudo acontecendo e eu aqui na praça
    dando milho aos pombos"

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