sábado, 17 de julho de 2010

O Sonho do Empresário Industrial




O sonho do Empresário Industrial

Esta aqui é confiável
não irá desmoronar
sob pressão
não dorme sobre o trabalho
não sai mais cedo
ou chega atrasada
não vai se juntar aos sindicatos
fazer greves
pedir aumento de salário
ao contrário de cento
e quarenta e seis
outras que eu poderia mencionar
que não suportaram
o calor suportado por esta aqui
imóvel em sua máquina
e sem dúvida
de caráter moral imaculado
pode-se dizer pelos ossos
branco puro
esta aqui
faz o que lhe é ordenado
e dela não se escuta
qualquer reclamação.

Mary Fell. Citado em Kovacik, Words of f ire for your generation, p.148.
Extraído do livro As origens e a comemoração do Dia Internacional das Mulheres, de Ana Isabel Álvarez González, p. 44.


A poeta Mary Fell, 60 anos depois do incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist Company (Nova York, 1908), descreveu em seus versos o padrão de trabalhadoras que os donos das indústrias têxteis tinham em mente. Uma operária que não questionasse as condições e a falta de estabilidade no trabalho, os salários baixos e a carga horária puxada. E que não questionasse também a desigualdade salarial que existia entre homens e mulheres (os homens chegavam a ganhar até 16 dólares por semana enquanto as mulheres ganhavam até 10 dólares no mesmo período, mesmo exercendo a mesma função).

“(...) para mudar a vida das mulheres temos que mudar o mundo e, portanto, todas as lutas por mudanças são também lutas das mulheres.”
(Nalu Farias – Coordenadora da SOF – Sempreviva Organização Feminista)

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